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Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas

  • Foto do escritor: Joseane Marcondes
    Joseane Marcondes
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura

Após meses e na segunda tentativa, eu li "Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas".

Esse livro é uma obra filosófica e autobiográfica publicada em 1974.

Tenho duas edições, essa primeira comprei em um sebo e há alguns anos comecei a ler, até umas 100 páginas e parei.


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E esse ano, por ser um dos livros que está na lista de indicações de Renato Russo, resolvi dar mais uma chance. E então comprei essa edição mais atualizada. Dessa vez cheguei ao final e só digo que valeu muito a pena.


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No início do livro Pirsing narra a viagem de motocicleta pelo interior dos EUA, acompanhado de seu filho Chris e do casal John e Sylvia.

Apesar do título, o livro não é sobre mecânica de motos, mas sim uma profunda reflexão sobre a vida, os valores e o cuidado.

Pirsing introduz a diferença entre duas formas de ver o mundo:

Clássica (analítica, técnica) foco em engrenagens, lógica, manutenção

Romântica ( sensível, estética) foco na experiência, beleza, sensação.

O amigo John evita lidar com a parte técnica da moto, enquanto Pirsing está sempre verificando as correntes, ajuste e limpeza para que a moto esteja sempre em boas condições para viagem.

Pirsing começa a revelar sua história passada como professor e pensador e sob a identidade de Fedro, seu "eu anterior". Fedro mergulhou em questões filosóficas sobre valores e qualidade, chegando a um estado de obsessão que o levou a crises mentais.

A viagem continua, mas o ritmo narrativo desacelera para dar espaço às "chautauquas" - Pirsing usa o termo para dar nome às divagações filosóficas do protagonista (tive que buscar no Google rsrsrs).

O relacionamento com Chris começa a ganhar destaque, mostrando tensões emocionais entre pai e filho.

Chris demonstra inquietação e dificuldade em se conectar com o pai, tem momentos que se tem crises de ansiedades e dores na barriga, que chegam até a sujar as roupas.

A narrativa alterna entre momentos de estrada e reflexões filosóficas.

O fantasma de Fedro se torna mais presente, preparando o leitor para os capítulos finais, onde a crise e a revelação atingem o ápice.

Pirsing revela como a obsessão de Fedro pela Qualidade o leva ao colapso mental, descrevendo como Fedro foi internado e submetido a tratamento psiquiátricos, (lembrando, que o Fedro na história é a figura do autor no passado).

Conforme o final do livro se aproxima, vai intensificando o relacionamento entre pai e filho, as inquietações de Chris e a loucura do autor.

A viagem de moto se encerra como metáfora da vida: não há destino final absoluto, apenas o caminho e a forma como se percorre.

E, no meu caso, só fui entender o por quê da narração, compreender toda a história no Posfácio.

É um livro que quando termina, você fica "UAALL", e começa a refletir, questionar, pensar...

Pirsing levou anos para escrever o livro e enfrentou dificuldades pessoais, incluindo questões de saúde mental, que são abordadas na narrativa.

O livro foi rejeitado por mais de 100 editoras antes de ser publicado.

Pirsing não se considera um escritor, em uma entrevista quando perguntam se ele está trabalhando em projeto literário, ele diz:

"Não. Basta. Na minha opinião, não é bom escrever quando não se tem a necessidade premente de dizer algo. É claro que, para a maioria dos escritores, essa necessidade premente é o dinheiro, mas meus dois livros cuidaram dessa parte. De qualquer modo, não me concebo como um escritor, mas mais como um praticante do Zen, e um dos aspectos mais admiráveis do Zen é que ele encoraja o silêncio."



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1 comentário


P.H. Wolff
P.H. Wolff
há 6 dias

Quero ler este livro❤️

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